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Macapá comemora bicentenário da Independência do Brasil
O desfile cívico do 7 de Setembro ocorre após dois anos parado por conta da pandemia

Depois de dois anos sem o tradicional desfile de 7 de Setembro, essa manhã de uma quarta ensolarada é marcada pelo retorno da festa da Independência Brasileira, coincidentemente com o bicentenário da Independência (200 anos).

O desfile ocorreu na Avenida Fab com militares das mais variadas classe e patentes e reuniu dezenas de civis assistindo o evento. Um deles foi o estudante de 18 anos Lucas Bruno, que participa todos os anos, desde a época quando a comemoração ocorria no Sambódromo: “Eu sempre venho porque acredito que a independência significa liberdade, acredito que a liberdade deve ser uma das coisas mais importantes. Além de aproveitar a liberdade muito bonita. Foi muito triste não ter a festividade nos últimos dois anos porque acontece no Brasil inteiro, felizmente esse ano teve e estou muito feliz de estar aqui”, relata.

A Comandante da Guarda Civil Municipal de Macapá Joeva dos Reis conta como foi presenciar o desfile de 7 de Setembro: “É uma honra estar na posição de comandante da Guarda Civil Municipal, vimos um belíssimo desfile. O quanto nós conquistamos e o quanto nosso país está independente, hoje pra mim estar como a primeira comandante da Guarda significa uma independência feminina institucional, isso vale muito a pena comemorar”, afirma alegremente.

Para a Coronel Heliane Braga, Comandante da Polícia Militar, essa é uma data extremamente importante que remete ao Brasil como Brasil independente. É dia de comemorar a liberdade não só do sentido literal, do sentido amplo: liberdade política, social, cultural, e que pese todas as mazelas do país. “É extremamente gratificante, é uma honra, ainda mais coincidindo a minha gestão com o bicentenário da independência. É um ano pra gente se orgulhar, relembrar do passado, e reverberando as conquistas presentes e futuras.”

Às margens do Rio Ipiranga, a liberdade canta?

Para o mestre em História Vinícius Matos, o 7 de Setembro pode causar uma reflexão coletiva, para além da romantização. Segundo ele, quando o Brasil ficou independente de Portugal com bandeira, hino nacional e instituições próprias, ocorreram os debates do século XIX sobre que data utilizar para celebrar. A data escolhida foi o 7 de setembro, imortalizada pelo grito de “independência ou morte”. Que poderia ser no 12 de outubro, quando Dom Pedro I foi coroado.

“Por conta de toda memória coletiva que se tornou o 7 de setembro se tornou o símbolo de independência. Desde o século XIX a data se transforma em um dos principais feriados do Brasil, desde o período imperial até o republicano. Há mais de 150 anos que a data nunca foi alterada”, conta o professor.

As pinturas dos livros com D. Pedro e uma comitiva podem até não ter acontecido. O que se sabe sobre o momento é que chegou um correspondente do D. Pedro e avisou que a equipe reunida no Rio de Janeiro tinha decidido com a ruptura total com a metrópole. O príncipe apenas leu um documento para os seus subordinados.

Mesmo que uma colônia tenha ficado independente de sua metrópole (Portugal) houve guerra civil, questões ficaram em aberto como a escravidão. “Se a abolição tivesse acontecido no mesmo período não existiria tanto ônus para a população negra do Brasil. Outro problema foi quem poderia votar e eleger. De acordo com a primeira Constituição apenas uma pequena parcela da população estava apta a votar: apenas homens com posses e dinheiro”, afirma o professor de história Vinicius Matos.

Por Lorena Lima
Fotos: Nonato Santana

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